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Ressignificar expectativas

  • Foto do escritor: Luciana Rovay
    Luciana Rovay
  • 3 de ago. de 2018
  • 3 min de leitura

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Acompanho alguns nômades digitais e tenho que admitir uma invejinha da capacidade que eles têm de produzir em qualquer lugar. Sério... Eu tive a ideia de fazer o blog para ter uma atividade enquanto viajava para não parecer que eu estava em eternas férias porque férias também cansam e se a viagem não tivesse nenhum objetivo, como boa geminiana, eu perderia o interesse rapidamente. Além disso, escrever já é um hábito antigo, achei que seria algo natural, até fácil para mim. Mas não é...


Percebi que preciso de silêncio, um lugar agradável, de preferência com uma xícara de chá ou café ao lado, uma cadeira e mesa minimamente confortáveis e tempo. Só que é tão raro eu ter as condições perfeitas de pressão e temperatura que me percebo viajando com a mesma sensação que vivi nas épocas mais corridas do escritório onde trabalhava em São Paulo, o de estar sempre atrasada, sempre perdendo para o tempo. Quando isso acontecia, eu tinha uma tática que, além de organizar as prioridades para o dia seguinte no fim do dia, eu listava tudo o que eu tinha feito (e aí falo de tudo mesmo). Quando começava a prestar atenção também no que eu tinha conseguido realizar, eu percebia que estava fazendo o meu melhor e podia estar atrasada com algumas coisas (quem está sempre em dia com tudo que atire a primeira pedra) mas também estava em dia com tantas outras.


A escrita que faço em qualquer lugar, que flui, que às vezes é mais forte que eu, ainda me parece tão pessoal para compartilhar. Sou eu tentando entender a mim mesma. São hipóteses de mim, de como estou vendo o mundo e a tentativa de encontro com o tal propósito, que vão mudando com o tempo. Ainda não tenho conclusões fechadas e aprendizados profundos para jogar na rede com a certeza de que não mudarei de ideia na semana seguinte. Mas será que um dia isso acontecerá? Terei certeza absoluta de alguma coisa? E lidar com julgamento alheio? Tô afim? É necessário? E será que vai servir para alguma coisa num mundo já lotado de literatura de auto ajuda?


Quando parti para essa viagem eu estava num momento de alegria interior, satisfeita com a vida que levava (talvez um pouco entediada, ok), tinha conseguido alcançar a maioria das coisas que eu almejava. Portanto achei que eu estava partindo para algo grande! Eu não sabia ainda o que era mas a intuição foi tão forte e o caminho se abriu de forma tão surpreendente que eu pensei:


- Nossa, para o Universo colaborar com uma mudança tão radical, deve ter um motivo enorme, como acabar virando missionária e ajudar quem precisa por aí, ou vou aprender um monte de coisas e me tornar uma fonte de informação para as pessoas ou quiçá uma fonte de inspiração, ou ainda talvez verei coisas incríveis e vou voltar para o Brasil com uma ideia brilhante e partir para o empreendedorismo, ou vou me desenvolver na fotografia, finalmente encontrar um estilo próprio e seguir carreira solo...


Milhões de possibilidades passaram pela minha cabeça e todas elas pareciam ter algo a ver com deixar um legado, uma marca no mundo. Presto atenção a tudo o que vejo, anoto ideias e informações novas. Em minhas orações, peço para encontrar meu propósito ou pelo menos o dessa viagem. No entanto, a cada dia me deparo com os mesmos obstáculos da vida que eu tinha antes, as mesmas mazelas talvez em maior intensidade. Começo a suspeitar que isso nada tem a ver com o mundo exterior e sim um intensivo para a minha própria evolução. Talvez não seja todo esse "grande" que eu estava imaginando, mas de forma alguma será pequeno ou em vão.

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Sobre Mim

Bem vindos ao meu cantinho criativo! 

 

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